sábado, 17 de abril de 2010

Seus dias...


"De longe te hei de amar- da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância".
Cecília Meireles


E há tempos não sai no quintal, nem caminha sobre a linha do trem... tão pouco sorri de suas lembranças, que sobram.
Tem em sua garganta aquele osso que sufoca, que mantém suas palavras pela metade, engasgadas diante da imensidão de seus pensamentos reais, e da multidão de sentimentos reprimidos que carrega dentro do peito.
Flores murchas cobrem seu bem estar, e a impedem de sonhar com aquele jardim de esplendor, que um dia fizera parte de seus dias.
Vai em busca do vento que insiste soprar em outra direção, e não a permite voar, deixando suas asas ressecadas junto ao fosco olhar dominado pela frustração.
Espera a todo momento por um novo presente que a surpreenda e a deixe feliz novamente.
Seus brinquedos estão todos guardados na velha caixa de papelão, cobertos por esperança e apenas com uma fresta de luz...