“Somos do tamanho de nossos sonhos”
Fernando Pessoa
E ela ainda acredita em contos de fada, por isso se desespera tanto em meio a realidade...
E chora pelo passado e sofre pelo presente.
Caminha durante horas sobre as nuvens de seus pensamentos caramelizados. E sorri quando encontra motivo.
Mora na velha casa de sapê, tem em seu quarto objetos coloridos, mas que o tempo fez questão de envelhecer.
É tão escura a sua rua que a cada caminhar vai tropeçando em suas madeixas que varrem o chão, deixando para trás suas marcas de bolinhas de sabão.
A cada manhã visita seu bosque desencantado, coberto por flores murchas e terra infértil que nenhum bom fruto produz. E lá toma seu café com borboletas e ecoa o canto da solidão.
E não importa a estação, ela sempre está ali, com sua fantasia feita de aço que se corrói quando fala de amor.
Seus olhos grandes e inquietos demonstram seus vícios, e ao mesmo tempo sua meninice que os anos não conseguem apagar.
Todas as tardes volta para sua prisão, com sua face coberta por uma máscara que de sua pele não consegue mais desgrudar.
E nos seus cômodos em preto e branco vai se fechando, deixando a dor e o medo da infelicidade a consumir.
Ali, no cantinho mais feio e mais frio ela olha para cima, e com muita força consegue imaginar que o impossível ainda pode chegar.
E então adormece para em mais uma noite de sonhos com seus desejos secretos encontrar...
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