quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O encontro...


"Quando duas pessoas se encontram há, na verdade, seis pessoas presentes: cada pessoa como se vê a si mesma, cada pessoa como a outra a vê e cada pessoa como realmente é." (William James)

E naquele entardecer o encontro inesperado mais esperado aconteceu...
Os sonhos foram trazidos pelo vento para perto daquela menina que sorria sem pensar em parar quando avistou de sua janela o balão, dirigido por ele, o ser que vive em um dos espaços mais distantes de sua realidade descolorida.
O encontro aconteceu com sorrisos, que antecederam um entrelaçar de carinhos e saudades do que não se tinha vivido.
E eu do lado de cima observando aquilo que eu tanto quis sentir um dia... mas que fiquei com o coração aliviado ao ver a alegria transparente no rosto de minha triste menina.
Eles voaram para longe, e pousaram em um lugar tão mágico coberto por uma luz azul que envolveu aqueles corpos de tal forma que se tornaram só um, extasiado pelo momento que foi completo por uma tempestade de pétalas de rosas vermelhas, que cobriram aquela dimensão e assustou a alma da poetisa sonhadora. Ela cantava em seu interior e dançava naquela chuva de sedução...
Tinham em seus olhares um brilho que ofuscava qualquer negatividade que tentasse invadir aquele precioso tempo de magia e encantamento.
E lá fora o céu chorava, emocionado com o entusiasmo revelado por eles pela face rosada e aquele semblante revestido de satisfação.
Foi naquela noite singela, mais única em seu esplendor que parte de seus desejos foram saciados...com doce e sal, cobertos pelo velho sonho visceral.
Com toques de brandura singular e intensidade vista a olhos nus...










sábado, 19 de dezembro de 2009

Despedaçado...


"Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito".
William Shakespeare


E aquele medo irreal que a menina sentia se tornou realidade: ele voltou...mas não para ela!
Voltou apenas para o mesmo espaço que se resume em pedaços de asfalto e tristeza sem flores no fim da primavera...
Ela não quer levantar daquele vão que fica entre a cama e a parede de seu quarto... já chamei, já gritei, e até cantei como pássaro feliz em cima de sua cabana. Mas ela continua inerte, com os olhos arregalados, sem movimento em sua pálpebra que tanto gostava do seu sobe e desce diário.
Sua face não tem mais expressão, não consigo entender seus gestos que de tão lentos meu tempo não consegue acompanhar.
Sinto seu sofrimento calado e disfarçado pelas portas que ainda existem ali por perto... seus desejos que foram jogados no precipício se encontram agora saciados pelo desprazer que sente nesse momento ou em outro qualquer.
E mais uma vez ninguém se importa com a cor de seus olhos e nem com o brilho de seus cabelos negros e amassados naquele travesseiro.
Talvez amanhã seja um novo dia para ela....talvez seja apenas mais um!
Em que continuará com a temperatura gelada e com seu mais baixo volume...
Sei que não será fácil pra ela aceitar que a vida não segue seus desenhos pintados com lápis de cor...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Mal me quer...


“Um dia peguei uma margarida e fiz o “bem-me-quer, mal-me-quer”… na primeira vez deu bem-me-quer, então me ama. Na segunda veio não-me-quer, mas não fiquei preocupado…as margaridas também podem mentir!”
Jim Morrison

A noite não foi muito boa para a pequena menina que costuma ter sonhos coloridos...
E mais uma vez ela ficou cabisbaixo com cara de flor murcha em meio ao jardim de suas ilusões.
Passou pela multidão com seu pequeno sorriso amarelado, tentando convencer a todos que seu mundo ainda tem aroma de chiclete azul.
Eu sempre a observo aqui de cima quando deito em minha beliche de algodão. Fico admirando suas fantasias tão cheias de cortes e remendos, aquelas feitas de novas decepções e das velhas cores desbotadas. Me questiono nesse tempo o que faz dela essa estátua que consegue se movimentar apenas quando ouve o som daqueles seres tão pequenos que sempre a convidam para morar na floresta com eles.
Ontem eu a vi chorando na beira do lago, estava tão triste e tão feia que sua imagem nem refletia nas águas, e os sapos até mostravam a língua pra ela!
Mais no fundo eu sei que ela ainda tem esperança de que suas asas cresçam e a ajudem a realizar suas pequenas glórias.
Seus segredos enganam em vão seu próprio coração que sabe mais do que imagina sobre seus sentimentos tão danificados, mas tão excessivos em sua dose de bem querer.
Ela sempre dorme com sua janela aberta e antes de mim! Assim pude ver naquela noite sem lua quando tirou a última pétala de uma pequena flor e suspirou dizendo: Mal me quer!

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Saudades...


"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."
Mário Quintana


Dias nublados... aqueles sem luz de verão...que nos sufocam com mãos de solidão...

E ela sente saudade, na madrugada vazia e nos dias que passam sem deixar algum sentido. No ar ela observa as penas que desprenderam daquela ave que sobrevoava seus pensamentos de velha menina.
Sua respiração enfraquece diante de algumas lembranças, aquelas que vem e que vão, de sonhos e daqueles momentos em que não dormia...apenas bocejava seguido de um belo sorriso nos lábios carnudos, e de braços, e de abraços.
Não disfarça sua insatisfação, nem mesmo brinca lá no quintal, espera por aquele banho de mangueira em um dia ensolarado, com direito a arco íris artificial.
E ninguém olha pra seus olhos pequeninos desencantados e cheios de esperança, apenas a tratam como uma adulta se esquecendo de notar que usa sapatilha trinta e quatro.
Ela suspira em frente a sua rua e anda sempre se desviando das formigas que a acompanham fielmente principalmente em seus dias de lamentação...
Sua saudade aumenta diante dos ruídos e das aceleradas que aceleram também seu coração que espera pela volta de alguém que se foi... e talvez pra nunca mais voltar...pra ela!