quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Grito de dor...


"Se a tua dor te aflige, transforma-a num poema."
(Autor desconhecido)

Ela não chora apenas por não se sentir especial...mas por estar sempre só, e rodeada de tanta gente que não diz nada, só a observa com os típicos olhares duvidosos e cheios de sentenças.
Ninguém se preocupa com aquela menina, e é mentira dizer ao contrário! Cada um quer seguir os seus dias como sempre foi, com os mesmos sorrisos e detalhes desvarios que não vale a pena citar.
E nesses momentos vividos vai se aproximando do chão, e mais e mais sendo jogada fora de suas nuvens de ilusão. Quando parece ganhar novas vestes, se apresenta novamente com seus trapos, tão velhos e sujos, mas que o tempo ainda não foi capaz de destruir. Sua voz cada vez mais calada se enfraquece enquanto chora de soluçar.
Seu corpo paralisado, suas mãos sobre a sua cabeça revelando todo desprezo sentido, toda lamentação por ser tão obscura e ter a alma tão abatida. Ninguém sabe ajudar. E nem quer.
E essa sua tristeza ignomínia, a mantém cada vez mais refém da solidão e de seu mundo coberto por pedaços de água em seu olhar tão pequeno, e que tanto suplica por um final feliz, ou por um começo de paz.
Enquanto isso é vago ela vai se embriagando de sua dor renitente e gritando cada vez mais alto o seu silêncio num labirinto feito de dúvidas concisas e de temor, iluminando sua face refeita por doçura e inquietação.







segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Eu gosto de você assim...


"As almas encontram-se nos lábios dos enamorados."
Percy Bysshe Shelley

E eu gosto de você assim, e é tanto, com tal encanto que me faz desconhecer quem sou, e ter somente a certeza de que nada é tão certo como se pensa ou se canta.
E sentir a brisa que veio sorrir a mim, e o viver de maneira simples e complicada, calma e tão agitada como aquelas ondas do mar que se transformam em leves espumas.
Me ensinou que temos tempo demais pra lamentar por tão pouco, e que não é preciso o concreto pra se sentir a presença de quem é realmente especial para nós. E que o verdadeiro vale mais do que qualquer toque sem cor... ou beijo sem sabor.
E com todos seus carinhos despertou em mim aquela vontade de sorrir sem parar e nunca mais voltar, a não ser que seja para seus braços, e nem olhar para trás, a não ser que seja para o brilho de seus olhos que dominam todo meu desejo, que já não consegue mais ser secreto, de querer e querer a cada dia mais a sua presença, que tempera os meus dias e me faz admirar o céu, e a chuva bem de perto, e sem se molhar.
Sua alma transparente que me leva aos velhos sonhos inocentes, é o que me tem feito acreditar que talvez eu e você juntos, possamos ser tudo aquilo que faltava em meus pensamentos distantes, tão cheios de arte, e como um toque de mágica em um só corpo completarmos a oitava cor do arco-íris...







segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Medo de brincar...


“Nossos pensamentos mais importantes são os que contradizem nossos sentimentos.”
Paul Valéry

E um medo qualquer quer convencê-la a não brincar...
Por esses dias alguém a convidou pra pular amarelinha, aquela feita de pulos entusiasmados que conduzem ao céu.
Ela brincou durante horas, e como nuvem foi levada pelo vento até o celestial, onde encontrou com o aquele anjo que visitava seus sonhos de confetes.
Suas asas a envolveram com tanta força que pode sentir todo seu valor há tempos enterrado num campo de flores secas. E sob o som daquela chuva eles voaram por aquele planeta todo enfeitado de bolhas de sabão que assopravam, e se tocavam...
E aquela sensação de esplendor fez aqueles seres como tapetes estendidos naquele gramado, molhado e coberto pelo orvalho de sua alegria, demonstrada por doces gargalhadas soltas no ar.
E ao final da brincadeira seus olhos já tinham um outro brilho, seu tom de voz não era mais o mesmo, e seus pensamentos estavam presos aquele momento sobrenatural.
A menina que chora e faz careta em frente ao espelho hoje sente medo, de que tudo aquilo tenha apenas feito parte de mais um de seus sonhos infantis...


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Alma – Gêmea...


"... e desde então sou porque tu és, e desde então, és, sou e somos, e por amor serei, serás, seremos."
-- Anónimo

E quanto mais sozinha eu me sinto, mais perto de você eu consigo chegar...
Viajo para aquele outro tempo em que nossa canção era feita de promessas e tínhamos aflorada toda nossa sensibilidade... vista a olhos nus e ouvida por nós!
Seus bons dias mal humorados, junto a olhares profundos trocados ao longo do dia, que iniciaram o sonho da sua menininha de ser cuidada por ti.
Com os olhos fechados ainda enxergo os velhos desejos, enfraquecidos pelo tempo que nunca conseguiu mata-los em sua raiz.
Ainda posso sentir seu toque em minha face, tantas vezes molhada por lágrimas de sofrimento por ter a metade do inteiro que eu sempre quis pra mim.
Aquela solidão com vista para o mar que você conseguia me oferecer, junto a doces palavras que ecoavam em nosso ar um amor eterno que nunca existiu.
Momentos marcantes, encontros ao acaso que demonstravam cada vez mais nossas almas- gêmeas que você quis separar.
Dor que plantou em meu interior e regou...
Eu ainda sinto você aqui comigo, mesmo com a alma machucada , pois a vida aqui é apenas uma passagem que nos conduzirá um dia para um inevitável reencontro...naquele campo de flores em que você aparece nos meus sonhos e me convida para dançar.
Acredito que mesmo nesse novo tempo tenha ainda com você um pouco daquela mágica existente no ar que respirávamos, e que me deixou a certeza do tamanho de meu amor por cada detalhe pertencente ao seu ser.


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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Visita da chuva...


"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
(Clarisse Lispector)

E a chuva veio avisar que não estava sozinha, e que tinha um céu inteiro que chorava com ela naquela noite acinzentada.
Sempre os mesmos fantasmas, as sombras feitas de passado e presente que atormentam e consomem o bom tempo da menina que sonha com nuvens de algodão e pote de ouro no fim do arco íris...
Nunca mais visitou a floresta, nem o lago que fica próximo a sua cabana coberta de penas, permanece há dias entre as paredes feitas de aço, com portas acorrentadas em profunda tristeza e solidão.
E assim, sempre com um giz de cera nas mãos ela vai pintando seu mundo irreal, e construindo dentro de si suas asas de papel crepom. Acredita que um dia conseguirá encher com suas lágrimas todo aquele riacho que passa entre seu peito e que hoje é coberto apenas por algumas pedras preciosas que a fortalecem.
E em meio às pequenas árvores existentes na sua realidade construir um palácio de bons pensamentos, afim de que um dia não venha mais se entristecer por ser tão pequena e tão só...






sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Acho falta...


“Quando penso em você, fecho os olhos de saudade”.
Cecília Meireles


Acho falta...que falta faz... falta daqueles dias que eram felizes por horas, mas cabiam risos onde não cabiam mais nada... só eu e você!
Encontros de sol e chuva, mas sempre com um céu de esplendor que explodia o meu interior, que sonhava em te - lo pra sempre ao meu lado.
Gestos que demonstravam um pouco mais minha meninice que cantava com os cabelos ao vento, ou até mesmo encenava com um pseudônimo qualquer.
Fecho os olhos e vejo você sorrindo pra mim, ou de mim... e quando isso acontece adormeço e acordo com nariz de palhaço.
Meu desejo mais secreto, tudo o que vivemos se eternizou e não há nada que mude isso... todos os beijos açucarados, e abraços, aqueles em que trocávamos de corpos e como mágica seu coração passava a bater em meu peito...
Como afastar a saudade que sinto de cada detalhe, e de tudo que não foi completo entre nós!
E assim por tão pouco tempo consigo esquecer o tempo que tirou você de mim...