"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
(Clarisse Lispector)
E a chuva veio avisar que não estava sozinha, e que tinha um céu inteiro que chorava com ela naquela noite acinzentada.
Sempre os mesmos fantasmas, as sombras feitas de passado e presente que atormentam e consomem o bom tempo da menina que sonha com nuvens de algodão e pote de ouro no fim do arco íris...
Nunca mais visitou a floresta, nem o lago que fica próximo a sua cabana coberta de penas, permanece há dias entre as paredes feitas de aço, com portas acorrentadas em profunda tristeza e solidão.
E assim, sempre com um giz de cera nas mãos ela vai pintando seu mundo irreal, e construindo dentro de si suas asas de papel crepom. Acredita que um dia conseguirá encher com suas lágrimas todo aquele riacho que passa entre seu peito e que hoje é coberto apenas por algumas pedras preciosas que a fortalecem.
E em meio às pequenas árvores existentes na sua realidade construir um palácio de bons pensamentos, afim de que um dia não venha mais se entristecer por ser tão pequena e tão só...
Nenhum comentário:
Postar um comentário